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domingo, 26 de junho de 2011

O PAÍS E O SEU EXÉRCITO


        Houve um tempo atrás em que os países eram representados por uma pessoa: um Gladiador, o mais forte e imponente possível.
       
Os países, para resolverem problemas de relacionamento entre si, os quais a diplomacia não conseguia ser eficaz, colocavam seus Gladiadores para lutar.

Os países faziam isso, ao invés de perderem tempo e dinheiro para formarem e manterem um exército e se embrenharem em lutas demoradas.

Quando o Gladiador de um país ganhava a luta, seu país ganhava a causa que gerou o litígio.

Os Gladiadores eram escolhidos em concursos de lutas entre seus cidadãos e nenhum país podia ter um gladiador que não fosse nascido, criado e de pais nascidos e criados no país de origem.
       
Existiam Gladiadores de todas as espécies: Lutadores altos, baixos, gordos, magros, especialistas em lutas marciais, enfim, com uma variedade de características.
       
Tais características eram importantes, quando as lutas ocorriam em locais que as favoreciam: as lutas só poderiam ocorrer em locais, terrenos, datas, horários e com armas (ou não), sorteados.
       
        Por muito tempo essa situação durou. Mas ocorreu que um certo país se rebelou e deixou de aceitar as imposições feitas por outro, cujo Gladiador havia vencido a luta.
       
        Então, o país vencedor reuniu todos os seus lutadores, deu-lhes armas, e, liderados pelo seu gladiador, invadiu o país rebelde.

        Como os Gladiadores dos países eram escolhidos dentre os melhores de seus lutadores, era de se esperar que os lutadores do país rebelde eram menos fortes do que os do país invasor.

        Após essa batalha o país invasor manteve seus lutadores aquartelados, para quando ocorresse uma situação semelhante, e o país tivesse que invadir outra nação rebelde.

        A notícia logo se espalhou e aconteceu que um terceiro país soube do que ocorreu entre os outros dois, e decidiu montar também um exército de Gladiadores.

        Assim, muitas outras batalhas foram travadas entre muitos outros países, com exércitos de lutadores, liderados por Gladiadores.

        Até que um dia todos os países passaram a ter um Gladiador e um exército.

Uma nova ordem se estabeleceu...

        Mas com a experiência, os países perceberam que era realmente muito caro bancar uma guerra envolvendo exércitos. Por isso, as batalhas entre Gladiadores voltaram a ocorrer, já que todos os países possuíam exército, e, se um país, cujo Gladiador perdesse a luta, se rebelasse novamente, o mesmo seria invadido e conquistado, pois o seu exército era a imagem do seu Gladiador: galdiador vencedor, exército vencedor!
       
Com isso, os países passaram a adotar bandeiras que eram reconhecidas por duas letras: a primeira representava seu Gladiador e a segunda, o seu exército.

        Assim, aquele país que havia vencido todas as batalhas, tanto entre Gladiadores quanto entre exércitos, se auto-nomeou FI, de Forte e Imponente. Seus cidadãos ARROGANTEMENTE afirmavam: “nosso país tem o Gladiador mais forte, por isso nosso exército é imponente”

        Muitas outras combinações foram criadas pelos outros países: Forte-Bom; Bom-Bom, Forte-Forte, etc.

Mas nenhuma bandeira que, pela lógica, só pudesse ser aplicada ao país FI, poderia ser aceita. Dessa forma nenhuma bandeira poderia possuir a letra M, de melhor, ou I, de imponente ou invencível, ou outras combinações do gênero, pois esses títulos já eram do país FI.

Os países que tinham Gladiadores menos capazes e exércitos submissos tiveram poucas chances de escolher as letras de suas bandeiras.

Por isso, um último e único país recebeu, impostamente pelos outros, a bandeira com letras minúsculas e nomes maiúsculos: fp, de FRACO e PERDEDOR.

Esse país passou a ser explorado de todas as formas. Era humilhado e seus cidadãos eram maltratados e desrespeitados pelos cidadãos dos outros países.

O país fp só podia ter aquilo que os outros países lhe permitiam possuir.

Um dia, cansado dessa situação, o país resolveu investir na produção de conhecimento e de tecnologias inovadoras, pois pensar, raciocinar, refleir, etc, eram coisas que não podiam ser impedidas por país algum...

O país fp investiu em educação e na qualidade de vida de sua população. Pediu para que todos os seus cidadãos estudassem, e deu-hes os meios que pôde para isso.

Com o passar dos tempos, reformulou seu exército, que ganhou táticas inéditas de batalha, recrutou cidadãos comuns, não somente gladiadores, passou a ter pessoal capacitado, com habilidades diversas, que não apenas lutar, gente motivada e que acreditava em sua missão.

O exército virou o fiel espelho do país. Também se beneficiou das tecnologias que foram produzidas no país, e foi reaparelhado.

Chegou então o momento do país fp se mostrar ao mundo.

Negou a primeira imposição dirigida a ele, feita por um outro país de Gladiador e exército mais fortes.

O país fp não reconhecia mais a luta entre Gladiadores para resolução de conflitos e travou a sua primeira batalha diretamente entre exércitos.

O país fp sagrou-se vencedor...

O país FI, sabendo do ocorrido, tentou mostrar ao país fp quem era o mais forte.


      ...também foi derrotado...

Criou-se assim uma nova ordem, originada pelo país fp.
O novo país mudou sua bandeira para IF. Mas não quis com isso simplesmente inverter as letras do país FI e se auto-denominar Imponente – Forte ...

Suas letras significavam mais que isso. Não eram mais a representação de seu GLADIADOR e seu exército. Elas eram a combinação perfeita para um PAÍS e o seu EXÉRCITO:

I – inteligência e F – força

... E os seus cidadãos passaram a afirmar ORGULHOSAMENTE que “um País Inteligente possui um Exército Forte”.

Após essa revolução todos os países tentaram imitar o novo país IF, pois uma lição eles aprenderam:

“O PAÍS TEM O EXÉRCITO QUE MERECE”








Esse texto foi idealizado na madrugada do dia 09 de maio de 2010, após uma noite de insônia. Foi iniciado às 03:45h e concluído às 05:15h, antes de eu ir fazer a Primeira Etapa da prova do concurso para Professor de Matemática do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI (Passei!!!).

 

Por,

 Aurélio do Carmo Moura

2º Sargento do Exército
Professor de Matemática

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